quarta-feira, 31 de outubro de 2012






ANTÓNIO SÉRGIO e a Auto-aprendizagem



sexta-feira, 26 de outubro de 2012











ORLANDO RIBEIRO e VENEZA







quarta-feira, 24 de outubro de 2012




Há três espécies de Portugal, dentro do mesmo Portugal; ou, se se preferir, há três espécies de português. Um começou com a nacionalidade: é o português típico, que forma o fundo da nação e o da sua expansão numérica, trabalhando obscura e modestamente em Portugal e por toda a parte de todas as partes do Mundo. Este português encontra-se, desde 1578, divorciado de todos os
governos e abandonado por todos. Existe porque existe, e é por isso que a nação existe também.
Outro é o português que o não é. Começou com a invasão mental estrangeira, que data, com verdade possível, do tempo do Marquês de Pombal. Esta invasão agravou-se com o Constitucionalismo, e tornou-se completa com a República.
Este português (que é o que forma grande parte das classes médias superiores, certa parte do povo, e quase toda a gente das classes dirigentes) é o que governa o país. Está completamente divorciado do país que governa. É, por sua vontade, parisiense e moderno. Contra sua vontade, é estúpido.
Há um terceiro português, que começou a existir quando Portugal, por alturas de El-Rei D. Dinis, começou, de Nação, a esboçar-se Império. Esse português fez as Descobertas, criou a civilização transoceânica moderna, e depois foi-se embora. Foi-se embora em Alcácer Quibir, mas deixou alguns parentes, que têm estado sempre, e continuam estando, à espera dele.
 Como o último verdadeiro Rei de Portugal foi aquele D. Sebastião que caiu em Alcácer Quibir, e presumivelmente ali morreu, é no símbolo do regresso de El-Rei D. Sebastião que os portugueses da saudade imperial projectam a sua fé de que a famí1ia se não extinguisse.
Estes três tipos do português têm uma mentalidade comum, pois são todos portugueses mas o uso que fazem dessa mentalidade diferencia-os entre si. O português, no seu fundo psíquico, define-se, com razoável aproximação, por três característicos: (1) o predomínio da imaginação sobre a inteligência; (2) o predomínio da emoção sobre a paixão; (3) a adaptabilidade instintiva. 
Pelo primeiro característico distingue-se, por contraste, do ego antigo, com quem se parece muito na rapidez da adaptação e na consequente inconstância e mobilidade. Pelo segundo característico distingue-se, por contraste, do espanhol médio, com quem se parece na intensidade e tipo do sentimento.
 Pelo terceiro distingue-se do alemão médio; parece-se com ele na adaptabilidade, mas a do alemão é racional e firme, a do português instintiva e instável.
A cada um destes tipos de português corresponde um tipo de literatura.
O português do primeiro tipo é exactamente isto, pois é ele o português normal e típico. O português do tipo oficial é a mesma coisa com água; a imaginação continuará a predominar sobre a inteligência, mas não existe; a emoção continua a predominar sobre a paixão, mas não tem força para predominar sobre coisa nenhuma; a adaptabilidade mantém-se, mas é puramente superficial
— de assimilador, o português, neste caso, torna-se simplesmente mimético.
O português do tipo imperial absorve a inteligência com a imaginação — a imaginação é tão forte que, por assim dizer, integra a inteligência em si, formando uma espécie de nova qualidade mental. Daí os Descobrimentos, que são um emprego intelectual, até prático, da imaginação. Daí a falta de grande literatura nesse tempo (pois Camões, conquanto grande, não está, nas letras, à altura em que estão nos feitos o Infante D. Henrique e o imperador
Afonso de Albuquerque, criadores respectivamente do mundo moderno e do imperialismo moderno) (?).
 E esta nova espécie de mentalidade influi nas outras duas qualidades mentais do português: por influência dela a adaptabilidade torna-se activa, em vez de passiva, e o que era habilidade para fazer tudo torna-se habilidade para ser tudo.
s. d.
Sobre Portugal — Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de
Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa:
Ática, 1979: 6.
2/2


Nada há de menos latino que um português. Somos muito mais helénicos — capazes, como os Gregos, só de obter a proporção fora da lei, na liberdade, na ânsia, livres da pressão do Estado e da Sociedade. Não é uma blague geográfica o ficarem Lisboa e Atenas quase na mesma latitude.
s. d.



Sobre Portugal — Introdução ao Problema Nacional. Fernando Pessoa (Recolha de textos de
Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução organizada por Joel Serrão.) Lisboa:
Ática, 1979: 4.
Obra Aberta

quarta-feira, 17 de outubro de 2012







24th Hour



In the last hour circle
Before alba of a new day
  And it is with irony and Catullus
I open my heart to melody

Seasons elapsing
Shaped cantata
Ultimately, sipping
Life and its errata

And soon gush annunciations
In metaphorical epiphanies
Glimpses of Heaven, ions
Matter made ​​of fantasies

Altars be universal
They offer their gifts
For, pregnant, save evil
In Well in constellations gravids.




Traduzido do português




                 24ª Hora



Na última hora circulo
Antes da alba de um novo dia
 E é com ironia e Catulo
Que abro o coração à melodia

Das estações decorrendo
Em forma de cantata
No limite, sorvendo
A vida e a sua errata

E logo jorram anunciações
Em metafóricas epifanias
Vislumbres de Céu, iões
De matéria feita de fantasias

Altares do ser universal
Oferecem suas dádivas
Para, prenhe, salvar o mal
No Bem em constelações grávidas.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012









               21ª Hora

 

 

        Luze a mente em diáspora
        O tergiversar constante
        Que abre a caixa de pandora
        E a torna beligerante

 

        Em domínios celestiais
        Viaja criando planisférios
        Por entre astros e portais
        Deixa a semente de mistérios

 

        Caleidoscópicas miríades
        Latejam no substrato
        Por altura das Plêiades
        Buscando o desiderato

 

        Em alucinações paranormais
        Do corpo e da alma
        Vivências supranormais
        Horizontes sem vivalma?