
É tarde, e o urbanismo confina o social
Todos juntos formamos ninguém
Sem sociedade requeremos bárbaros
De outros vintém, alarde de ameaça
Se vive em amarra a terra de ausentes
Munidos de casa e automóvel e mais
Um carrossel de coisas inúteis
De pão sem farinha, carne atrofiada
Peixe contaminado, vinho adulterado
Nada temos e o corpo é que paga
Quando a cabeça não pensa
Ou talvez se esqueça a dor quotidiana
Mas ela perdura e arrasa até os mais
Supostos convencidos, esses
Sentados em belas poltronas de mordomias
Satisfeitas, embonecrados de fazer o inútil
Sucedâneo que a infância incrustou
De abominável prazer, o eu satisfeito
O verme que de si próprio se alimenta
Nas minúsculas partes do ser
Reduz a tudo começar de novo.
17/03/01
(Debussy)
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