quinta-feira, 5 de março de 2009

GOVE



GOVE


As moscas embebedam-se no whisky
No copo meio cheio meio vazio
Enquanto a lenha crepita na lareira
Alguém está e não está
Consumido pelo fogo que justamente
Arde o ar do espaço
E se volatiza em vazio que preenche o espaço
A menos que o telefone toque
E aí surge a realidade
No sentido da voz
Que volta a encher o espaço
Na mesma medida, porém
Em que deixa de existir
Mal o cão ladre a presença
Da forma que se pronuncia
Na boca a degustação do vinho.



Decomposição


Baião


Januário


20/11/01

1 comentário:

Baeta disse...

No calor infernal, a loucura
De gélida morte conservada
Cai incredulamente dura
Tu consistente e derivada

À porta de todos os dias
Não são de sorrir infames
Entrelaçam-se os arames
Pois já todas são vazias

Prefigurando o contraposto
Seguimos o pouco imposto
Melhor nos toca no fundo
Melhor sugados do mundo

Aspiramos a ser maçanetas
Acariciadas pela nata Natal
E seres de outros planetas
Transpirando gelo infernal

Não são dias de todos, rir
Toca-me a vista desarmada
Uma flauta que faz parir
Frutos de uma paz armada

E a figura exótica esotérica
Mexe na barriga a estética
Cócegas de alegrar doentes
Deveras castigados contentes


Platisfémia

Um dia quando me perguntarem aonde fui buscar as minhas influências poéticas, direi que tu fostes uma delas. Eu sei que tenho muito que aprender, mas de momento só consigo compor através da análise paranoicó-crítica de Dalí.

Pedro