Oração de papel de jornal
Ando neste mundo para inquietar os outros
De perturbação e fascínio
A reportagem do massacre
Duma dívida sobre o futuro
Cinco minutos de tiros, pânico e morte
Quem reagiu, condenou
A multiplicação
De verba para crescer
Dois monstros
Num fabuloso mano a mano
Contei 46 corpos
A pena capital
Sete gigantes
Dos contratos individuais
Da casa da sorte
A ideia era eliminarem-nos a todos
O ilustre desconhecido
Portugal ainda à espera
Porque dinheiro é caro
Reforço de poder
Leva a morte muito perto de Lisboa na melhor zona residencial de
Caxias
Com varandas viradas para o mar
Com garagem individual ou parqueamento colectivo
Subsiste o conflito
Ninguém conhece o nosso mundo melhor do que nós
Se gosta de ser diferente lembre-se que o seu
1º prémio é um Renault 5 e férias em Tróia
entre duas tenazes
já chegou o tempo do computador trabalhar para si
use o ás certo para ganhar
a antropologia do simbólico mal e companhia
e depois a moral uma agência de serviço completo
da solidão e das privações
super vantagens na tarifa
nova esquerda, o esplendor do século
inscrições abertas em centrais de natureza perdida
reconstruímos de novo
o pilar do seu investimento
é loucura premiarmos as pessoas só porque são nunca
já chegámos, conte connosco.
Januário
23/7/83
Januário
domingo, 7 de novembro de 2010
étereo
Etéreo
Balofo de ares e alheio
À esquina roçando o meio
Esdrúxula testa afinca
O olhar súbito que trinca
Imperial vicio que domina
A noite chega o dia culmina
Tretas, minerais chocos, podres
Caras nas vacinas dos odres
Reduz-se e atina enxerga de ócio
Poses mágicas de alheamento ósseo
Esqueletam-se sistemas, confins
Abstracções dispostas das luzes ruins
Climas saturados de ambiente
O caudal imenso de gente
Para onde se dirigem? Destino,
Em ti tocam todas as coisas como um sino
De aldeia, o acolher do povo
À comunhão, à ascese do novo.
Januário
4/6/83
Balofo de ares e alheio
À esquina roçando o meio
Esdrúxula testa afinca
O olhar súbito que trinca
Imperial vicio que domina
A noite chega o dia culmina
Tretas, minerais chocos, podres
Caras nas vacinas dos odres
Reduz-se e atina enxerga de ócio
Poses mágicas de alheamento ósseo
Esqueletam-se sistemas, confins
Abstracções dispostas das luzes ruins
Climas saturados de ambiente
O caudal imenso de gente
Para onde se dirigem? Destino,
Em ti tocam todas as coisas como um sino
De aldeia, o acolher do povo
À comunhão, à ascese do novo.
Januário
4/6/83
barbeiro
BARBEIRO
No dia em que corto o meu cabelo
Sinto-me um anjo monótono e careca
Com o painel de estrelas sempre na mão esquerda
Tentando segurar o aparelho medidor da paciência
Mergulho bucólico e alcoólico
Na banheira antiga e portuguesíssima do Tejo
Sonhando apanhar os pirilampos que diminuem aos olhos
De observador iluminado com que seduzo as meninas
Que vão para a escola
No jogo florido da idade
Imaginar apanhar as bocas que nunca beijei
No dia em que corto o meu cabelo
Sinto um furiosíssimo aquecer abrasar-me as orelhas
Na telepatia surda dos pensamentos alheios
Nostalgicamente vendo as grades dos meus eus
Penteando-se nas retretes escritas no meio da necessidade
E então cabelos já soltos
Rodeiam meus pés na preguiça do fumo do cachimbo de prata
E fantástico das preces minhas sombras, árvores meus anseios
& sonhos na noite já deitados
pondo a escrita em dia na vaga perturbadora
dos não sonhadores
do seu dormir
& em outra comida recomendada por uma caixa metálica
inventa sonhar no meio dos gelados de cimento armado
no deserto planetário e vil do caixote de lixo
onde são deitadas as tentações do dia
com que eu cortei o meu cabelo
que era belo.
Januário
24-11-80
No dia em que corto o meu cabelo
Sinto-me um anjo monótono e careca
Com o painel de estrelas sempre na mão esquerda
Tentando segurar o aparelho medidor da paciência
Mergulho bucólico e alcoólico
Na banheira antiga e portuguesíssima do Tejo
Sonhando apanhar os pirilampos que diminuem aos olhos
De observador iluminado com que seduzo as meninas
Que vão para a escola
No jogo florido da idade
Imaginar apanhar as bocas que nunca beijei
No dia em que corto o meu cabelo
Sinto um furiosíssimo aquecer abrasar-me as orelhas
Na telepatia surda dos pensamentos alheios
Nostalgicamente vendo as grades dos meus eus
Penteando-se nas retretes escritas no meio da necessidade
E então cabelos já soltos
Rodeiam meus pés na preguiça do fumo do cachimbo de prata
E fantástico das preces minhas sombras, árvores meus anseios
& sonhos na noite já deitados
pondo a escrita em dia na vaga perturbadora
dos não sonhadores
do seu dormir
& em outra comida recomendada por uma caixa metálica
inventa sonhar no meio dos gelados de cimento armado
no deserto planetário e vil do caixote de lixo
onde são deitadas as tentações do dia
com que eu cortei o meu cabelo
que era belo.
Januário
24-11-80
amor a quem a vida
Amor a quem a vida
Nosso sangue derrama
Fleuma dádiva tida
Esquenta o corpo quem ama
Cego por quem enlanguescia
Mudo a vulto berrava
Deitado assim dormia
Para outro lado se voltava.
Januário
80
Nosso sangue derrama
Fleuma dádiva tida
Esquenta o corpo quem ama
Cego por quem enlanguescia
Mudo a vulto berrava
Deitado assim dormia
Para outro lado se voltava.
Januário
80
a juventude e a dor
A juventude e a dor
Eis um mar de sargaços
Um sonho de amor
E o desastre dos percalços.
Januário
19/4/83
Eis um mar de sargaços
Um sonho de amor
E o desastre dos percalços.
Januário
19/4/83
sábado, 6 de novembro de 2010
Pancada subalterna
Pancada subalterna nas camadas secundárias
Masturbações os contradizem, sedentas horárias
Que passeiam cavernosas pela rua máxima
Magnífica de tarados de dor próxima.
Só sabendo o estilo e suas técnicas
Quem fumo o inoculou espectador das cénicas
Fotografias das roupagens convencionais
Quem sou para mim são os demais.
Depois vem os estares perversos
A comprida língua de oráculos certos
Vomitar a ânsia do arrependido
O deambulante labiríntico das ruas perdido
Ora se acostuma a forma incerta cheia
De luar sem haver lua por achar teia
Estampilhada observação se torna real
Os lábios doces e frios me sabem a sal
Como quando a dar era urgente
Uma magnética separação impelia por gente
Único conceito assim detectado
O facto tão antigo sem mistério inebriado.
Januário
27/03/82
Masturbações os contradizem, sedentas horárias
Que passeiam cavernosas pela rua máxima
Magnífica de tarados de dor próxima.
Só sabendo o estilo e suas técnicas
Quem fumo o inoculou espectador das cénicas
Fotografias das roupagens convencionais
Quem sou para mim são os demais.
Depois vem os estares perversos
A comprida língua de oráculos certos
Vomitar a ânsia do arrependido
O deambulante labiríntico das ruas perdido
Ora se acostuma a forma incerta cheia
De luar sem haver lua por achar teia
Estampilhada observação se torna real
Os lábios doces e frios me sabem a sal
Como quando a dar era urgente
Uma magnética separação impelia por gente
Único conceito assim detectado
O facto tão antigo sem mistério inebriado.
Januário
27/03/82
O bom do vizinho
O bom do vizinho
Pelas sete da manhã
Bebe um copo de vinho
Para ajuda da vida sã.
Gasta-se por caminhos iguais
De casa ao emprego
Sofrendo pelos metais
As relíquias põe no prego.
À noite a televisão
Fá-lo longe viajar
Sabe notícias e conhece como são
Grandes senhores a discursar
E pensando só
Julga conquistar o mundo
Em quimeras de sonho e dó
Navega mares sem fundo
Rotineiro em tudo o que faz
Na cama sua mulher deita
E adormece num sonho incapaz
De algo, súbito feliz, espreita.
Januário
3/82
Pelas sete da manhã
Bebe um copo de vinho
Para ajuda da vida sã.
Gasta-se por caminhos iguais
De casa ao emprego
Sofrendo pelos metais
As relíquias põe no prego.
À noite a televisão
Fá-lo longe viajar
Sabe notícias e conhece como são
Grandes senhores a discursar
E pensando só
Julga conquistar o mundo
Em quimeras de sonho e dó
Navega mares sem fundo
Rotineiro em tudo o que faz
Na cama sua mulher deita
E adormece num sonho incapaz
De algo, súbito feliz, espreita.
Januário
3/82
Mãos devagar te levam
Mãos devagar te levam
E tu não dás por nada
Como dum cinzel purificador
A sombra é-te retractada
Para os Céus ergueste as crenças
Sem elas eras olvido
Num pranto com luz ao meio
No escuro quarto retido.
Januário
8/3/83
E tu não dás por nada
Como dum cinzel purificador
A sombra é-te retractada
Para os Céus ergueste as crenças
Sem elas eras olvido
Num pranto com luz ao meio
No escuro quarto retido.
Januário
8/3/83
Mama em molho de manha
Mama em molho de manha
Emborca esta cidade toda
Embicantes de bico na moda
Dizem à luz o que não ama
Retesos presos à superfície
Enfermam um nada artífice
Cisão profunda cozendo as fraldas
Acaso dirrimente às baldas.
Januário
21/12/83
Emborca esta cidade toda
Embicantes de bico na moda
Dizem à luz o que não ama
Retesos presos à superfície
Enfermam um nada artífice
Cisão profunda cozendo as fraldas
Acaso dirrimente às baldas.
Januário
21/12/83
domingo, 13 de junho de 2010
sábado, 12 de junho de 2010
Constança

Constança, sorriso de prata em por do sol
Irisdicente que da sombra irradia
A vida, fimbria selectiva de escol
A todos dá felicidade e alegria
Constança, quente e deliciosa
Que desorganiza mais sagaz
O despertar sentidos olerosa
Mais esperta que um rapaz
Constança,que constantemente
Solicita e bem aventurada
A nós nos diz, frequentemente
Qua a vida é para ser conquistada.
Januário
12-06-2010
domingo, 6 de junho de 2010
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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